Conforme adiantamos nas primeiras impressões sobre o festival e suas diferenças em relação à edição anterior (clique aqui para ler), agora podemos finalmente falar sobre como foram os três dias do Bangers Open Air 2025, um dos principais festivais de metal e hard rock do país.
O evento aconteceu no Memorial da América Latina, em São Paulo, nos dias 3 e 4 de maio, com um “warm-up” (esquenta) no dia 2, já dando o tom do que estava por vir. O festival, que antes levava o nome de Summer Breeze Brasil, foi rebatizado após “uma análise cuidadosa de metadados sobre o mercado de entretenimento mundial e considerações estratégicas sobre a presença da marca em territórios internacionais”. Apesar da mudança de nome, o espírito segue o mesmo, talvez até mais forte!
Estrutura e novidades
Um dos destaques de 2025 foi a atenção dedicada à área Lounge Pass, que ganhou ainda mais espaço e visibilidade. Posicionada em destaque na parte frontal dos palcos principais, a área agora conta com entrada e saída dos dois lados, o que facilitou bastante a movimentação entre os palcos maiores e os secundários. Além disso, a praça de alimentação contou com opções mais variadas e áreas de descanso com sombra, muita comida e bebida! Um alívio bem-vindo para o calor paulistano.
Warm-up de sexta-feira (02/05) Esquenta!
Apesar do calor intenso, a sexta-feira de “warm-up” no Bangers Open Air começou com o pé direito. Coube ao Ice Stage a missão de dar o pontapé inicial no festival, e a estreia da banda alemã Kissin’ Dynamite no Brasil foi uma escolha mais que acertada. Misturando hard rock com heavy metal de arena, os caras mostraram logo de cara por que vêm ganhando espaço na cena europeia. Com carisma de sobra, presença de palco afiada e refrões feitos sob medida para cantar junto, o grupo entregou uma performance empolgante, daquelas que fisgam até quem não conhecia o som. Um começo animado, certeiro e cheio de energia, o tipo de show que aquece o público na medida para o que vem pela frente.



Clique aqui e confira o set list
Logo depois, o clima mudou para algo mais sombrio e misterioso com apresentação do Dogma no Hot Stage. A banda, que mistura heavy metal, hard rock, occult rock e pitadas de horror teatral, impactou geral. Mesmo com problemas técnicos na bateria que comprometeram um a apresentação, as integrantes cativaram o público com uma presença de palco marcante e um show ousado, sensual e cheia de atitude. O show deixou uma forte impressão, tanto pelo visual quanto pelo som nada convencional, algo que fugiu do padrão e agradou quem buscava novidades.



Clique aqui e confira o set list
A noite seguiu com um dos momentos mais aguardados do festival: o show histórico do Pretty Maids. A banda dinamarquesa, formada nos anos 80, desembarcou pela primeira vez no Brasil após décadas de carreira, uma estreia tardia, mas extremamente celebrada pelos fãs brasileiros, que finalmente puderam ver de perto esse ícone do hard/heavy europeu.
Desde os primeiros acordes de “Mother of All Lies”, a resposta do público foi intensa. A emoção era visível, tanto no palco quanto na plateia, com muitos visivelmente tocados ao ouvirem clássicos como “Little Drops of Heaven” e “Future World” ecoando ao vivo. A banda mostrou vigor e presença, entregando uma performance poderosa e envolvente, com direito até à bela versão de “Please Don’t Leave Me” do aclamado John Sykes, que trouxe um tom nostálgico e emotivo à apresentação.
Foi uma verdadeira celebração da trajetória da banda, marcada por riffs marcantes, refrões pegajosos e muita conexão com o público. Um show comovente para os fãs de longa data e, sem dúvida, um dos grandes destaques da noite.



Clique aqui e confira o set list
E como se não bastasse tudo o que já havia rolado, ainda tinha ela: Doro Pesch, a eterna Rainha do Metal. E sim, ela tomou conta da porra toda. Desde a intro até o último acorde, Doro mostrou por que é uma lenda viva do heavy metal. Com uma presença de palco arrebatadora, carisma de sobra e uma voz que continua poderosa como sempre, ela entregou um show memorável, daqueles que fazem o chão tremer e o público cantar junto com o punho erguido.
Acompanhada por uma banda afiadíssima, Doro desfilou clássicos da era Warlock como “I Rule the Ruins”, “Burning the Witches”, “Hellbound” e “Für immer”, mesclando peso, emoção e aquela aura oitentista que só ela tem. E ainda teve espaço para homenagens, como a versão enérgica de “Breaking the Law” do Judas Priest, que levou a galera ao delírio. O ponto alto, claro, foi o hino “All We Are”, que encerrou a apresentação em clima de comunhão total entre artista e plateia. Doro não apenas tocou, ela dominou! Foi energia, técnica e paixão condensadas em uma verdadeira aula de como se comanda um palco com alma.



Clique aqui e confira o set list
Para encerrar o “warm-up” com chave de ouro, ninguém menos que a lendária Voz do Rock subiu ao palco: Glenn Hughes, ex-vocalista do Deep Purple, trouxe um repertório recheado de clássicos da fase MK III da banda, com aquele toque psicodélico e muita classe. Foi o fechamento perfeito para uma noite que, por si só, já parecia um dia completo de festival.



Clique aqui e confira o set list
Sábado (03/05): Sol, suor e metal para todos os gostos!
Se na sexta o festival deu uma bela amostra do que estava por vir, foi no sábado que o Bangers Open Air 2025 tomou conta de vez do público. O fluxo de pessoas aumentou consideravelmente, mas a estrutura estava preparada para isso. A organização mandou bem: segurança nota 10, com equipes bem orientadas, auxiliando na circulação e até distribuindo água para quem enfrentava o calor.
A banda de heavy metal suíça formada apenas por mulheres, Burning Witches, cativou o público que chegou cedo para as comemorações. Com influências visíveis de Warlock/Doro e um palco cenográfico em forma de castelo medieval, as garotas explodiram o Bangers Open Air. Que banda sensacional! Energia, presença e carisma, recomendo fortemente para quem ainda não conhece.



Clique aqui e confira o set list
Não é a primeira vez que os suecos do H.E.A.T passam pelo festival, e mais uma vez provaram por que são tão queridos por aqui.
A banda foi recebida com entusiasmo por uma plateia calorosa, muitos vestindo camisetas do grupo, cantando a plenos pulmões e deixando claro que o H.E.A.T vem ganhando cada vez mais espaço (e carinho) no coração dos brasileiros.
O vocalista Kenny Leckremo estava em modo turbo: pulando, correndo, interagindo com o público e comandando o palco com uma energia absurda. Foi daqueles shows que mais parecem uma festa, animado, intenso e carregado de conexão entre banda e plateia.
Com hits que fazem o hard rock moderno soar atual sem perder o espírito oitentista, o grupo entregou um set redondo, daqueles que deixam aquele gostinho de “quero mais”. Uma verdadeira celebração, com som de qualidade, presença e carisma de sobra.



Clique aqui e confira o set list
Senhoras e senhores, o thrash metal tomou conta do Bangers! O Municipal Waste com certeza uma das bandas mais insanas do dia. O público respondeu com mosh pits, stage dives e participações hilárias: teve “Jesus festivo” chamando a atenção do vocalista, um “Eddie” andando pelo meio da galera e até um “Goku” de Dragon Ball Z. Foi uma festa caótica, divertida e memorável e provavelmente inesquecível para a banda também.



Clique aqui e confira o set list
Hora de respirar (um pouco). Com uma pegada mais melódica, o Sonata Arctica trouxe um clima diferente ao festival. A banda finlandesa conquistou seus fiéis fãs com clássicos como “Replica”, “FullMoon” e, para surpresa geral, “Wolf & Raven”, que há anos não aparecia no repertório.



Clique aqui e confira o set list
Kamelot se apresentou duas vezes no festival, e a primeira apresentação focou na fase mais atual da banda. Com a bateria ostentando a logo da banda sobre a bandeira do Brasil, a conexão com o público foi imediata. Ficou claro que o grupo realmente curte tocar por aqui e o público corresponde.



Clique aqui e confira o set list
Veteranos? Sim. Mas com mais energia que muita banda novata! Os lendários britânicos do Saxon, ícones da New Wave of British Heavy Metal (N.W.O.B.H.M.), deram uma aula de como se faz heavy metal. O ponto alto: o vocalista Peter Byford pediu coletes com patches de bandas para usar durante “Denim and Leather”, e ainda autografou o colete após a música antes de devolver. Um gesto simples, mas de enorme impacto para os fãs.



Clique aqui e confira o set list
Uma das atrações mais aguardadas do sábado, o Powerwolf não decepcionou. Com uma estrutura espetacular, figurinos, cenografia e um carisma avassalador, a banda alemã levantou o público com sua mistura teatral de power metal e temática religiosa fictícia. Foi um dos grandes shows do dia, com cara de headliner.



Clique aqui e confira o set list
Fora dos palcos principais, o Sun Stage também teve seu momento de glória. O Dark Angel mostrou que o thrash metal ainda está em alta, com um público fiel prestigiando o som pesado. Mesmo com a ausência do guitarrista Eric Meyer, a banda superou o obstáculo e entregou um excelente show.



Clique aqui e confira o set list
A banda mais esperada da noite fez jus ao hype. O Sabaton entregou um espetáculo explosivo, com pirotecnia, narrativa histórica e muito peso. O ponto mais emocionante foi, sem dúvida, “Smoking Snakes”, a homenagem aos três soldados brasileiros da Força Expedicionária Brasileira (FEB) que lutaram até a morte na Segunda Guerra Mundial. Muita gente chorou, vibrou e se emocionou com o momento.



Clique aqui e confira o set list
Fechando a noite no Sun Stage, o Lacrimosa proporcionou um contraste com sua apresentação gótica, poética e intimista. Os fãs, que claramente sabiam cada palavra, cantaram junto do início ao fim. Uma atmosfera única e envolvente, deixando aquele gostinho de “quero mais”.



Clique aqui e confira o set list
Domingo (05/05) Uma noite para ficar na história!
O domingo foi o dia mais movimentado do festival e também o mais caloroso! Mas nem o calor impediu os bangers de curtirem intensamente a última noite do Bangers Open Air.
A banda alemã de metal sinfônico, formada em 2014, Beyond the Black, fez sua estreia no Brasil! Com foco em um som autoral, conquistou o público que chegou cedo para prestigiar o show. Foi uma grata surpresa para muitos que ainda não conheciam o trabalho deles.



Clique aqui e confira o set list
Já conhecidos do público brasileiro, os alemães do Lord of the Lost chegaram com seu visual marcante e provaram, mais uma vez, o porquê de serem uma das bandas mais intrigantes da cena atual.
O grupo, que já tem uma legião de fãs por aqui, mostrou uma evolução impressionante desde suas últimas apresentações no Brasil. O público, altamente entusiasta, respondeu à altura, criando uma energia incrível que acompanhava cada nota do show.
A banda, com sua mistura única de gothic metal, rock industrial e até toques de eletrônico, entregou uma performance não apenas poderosa, mas também imersiva. O vocal de Chris Harms e sua presença de palco comandaram o espetáculo, enquanto os músicos mostraram técnica e sintonia, entregando uma performance sólida e envolvente. Os fãs ficaram extasiados, demonstrando que, além do visual marcante, o Lord of the Lost realmente soube cativar a plateia brasileira.



Clique aqui e confira o set list
A lendária banda brasileira de thrash metal, Dorsal Atlântica, fez um show memorável para um público seleto no Sun Stage, marcando mais um capítulo significativo em sua história de 45 anos de estrada.
Com uma performance carregada de emoção e significado, a banda levou os fãs a uma verdadeira viagem no tempo, revisitando seus maiores clássicos e mostrando toda a sua força no palco. Carlos “Vândalo” Lopes, com sua presença imponente, comandou a apresentação com empolgação, refletindo a energia e o compromisso que a banda sempre teve com o metal brasileiro.
O momento mais emocionante da noite foi quando Carlos prestou uma bela homenagem ao irmão e ex-integrante da banda, Cláudio ‘Cro-Magnon’ Lopes, falecido em 5 de agosto de 2023. A saudade e o respeito ao legado de Cro-Magnon estavam evidentes em cada palavra dita e, sem dúvida, comovendo todos os presentes.
Foram 45 minutos de pura energia thrash, com a banda mostrando que, apesar dos anos, sua força permanece inabalável e que o legado da Dorsal Atlântica ainda ressoa forte no cenário do metal mundial.



Clique aqui e confira o set list
O segundo round do Kamelot foi especialmente marcante para quem já havia assistido ao show no sábado. Além de manter a energia intensa, a banda surpreendeu com um setlist renovado, incluindo faixas como “The Mission”, “Opus of the Night (Ghost Requiem)”, “Sacrimony (Angel of Afterlife)” e a poderosa “The Human Stain”. Destaque para a participação de Adrienne Cowan (que também esteve com o Avantasia) e os momentos compartilhados com Melissa Bonny, juntas, elas elevaram o nível da apresentação.



Clique aqui e confira o set list
Mostrando que existe um reinado fora do Slayer, Kerry King trouxe um som brutal e uma banda energética para representar o thrash metal no domingo. A apresentação foi memorável, e ainda contou com uma bela homenagem a Paul Di’Anno com a execução da clássica “Killers”.



Clique aqui e confira o set list
Os bardos voltaram ao festival para mais uma jornada épica! O Blind Guardian, que se apresentou pela segunda vez no Bangers Open Air, montou um set focado no emblemático álbum Imaginations From the Other Side. O público foi à loucura e, a partir desse momento, mal dava para transitar pelo festival, tamanha a aglomeração!



Clique aqui e confira o set list
Talvez a banda mais aguardada do domingo. O W.A.S.P. tocou seu álbum de estreia na íntegra (a versão original, sem “Animal [Fuck Like a Beast]”, “Show No Mercy” e o cover de “Paint It Black”). Blackie Lawless, aos 68 anos, mostrou que ainda tem voz e uma presença de palco intimidadora, inclusive dando uma bronca em um segurança que pediu uma palheta. Um dos momentos mais emocionantes foi o discurso de Aquiles Priester:
“Hoje, vinte minutos antes do show, o Blackie me perguntou se eu preferia fazer um solo de bateria ou falar com meu povo. Eu escolhi falar com meu povo. Quero agradecer muito a todos vocês que mantêm a chama do metal acesa aqui no Brasil. É maravilhoso poder ter um festival desse nível. Todas as bandas que estão aqui dizem: ‘é um dos festivais mais organizados que já participei na vida’. Então é muito f@da! Muito obrigado ao Bangers Open Air por nos trazer nessa noite especial. Tenho certeza de que vai ficar na história.”



Clique aqui e confira o set list
Se havia alguma dúvida sobre quem fecharia o festival com maestria, o Avantasia tratou de dissipá-la assim que subiu ao palco. O projeto liderado por Tobias Sammet entregou um espetáculo digno de um headliner, reunindo talento, emoção, pirotecnia e uma atmosfera única que transformou o Bangers Open Air em um verdadeiro teatro do metal.
A apresentação teve foco especial no aclamado The Scarecrow, um dos álbuns mais celebrados da carreira, além de destaques do mais recente trabalho de estúdio “Here Be Dragons”. Ao longo do show, o palco se tornou uma plataforma para grandes vozes e performances dramáticas, criando momentos intensos e memoráveis.
Logo de cara, “Creepshow” e “Reach Out for the Light” (com Adrienne Cowan) incendiaram o público. Cada faixa trazia novos convidados ao palco, Tommy Karevik em “The Witch”, Herbie Langhans em “Devil in the Belfry”, Eric Martin em “Dying for an Angel” e Ronnie Atkins em “Twisted Mind”, entre outras colaborações de peso. A interação entre os vocalistas não só enriqueceu o som como também trouxe teatralidade e energia ao palco.
Um dos ápices emocionais da noite veio com “Shelter from the Rain”, com Jeff Scott Soto dividindo os vocais com Tobias, uma performance que tocou fundo no coração dos fãs e arrancou aplausos calorosos. Já nas partes finais do show, a sequência de “Lost in Space” preparou o terreno para o grande encerramento… E que encerramento! O medley “Sign of the Cross / The Seven Angels” reuniu todos os convidados no palco, criando um clima de irmandade e celebração. Foi um momento arrebatador, onde o público foi levado ao êxtase e os músicos pareciam tão emocionados quanto os fãs. A sensação era clara: estávamos todos participando de algo maior, de um final de conto épico digno de uma ópera metal, como Tobias Sammet sempre imaginou.
Com o Avantasia, o domingo não apenas terminou, ele foi eternizado na memória de quem esteve presente. O calor do público, a paixão das bandas e a excelência da organização criaram o ambiente ideal para celebrar o metal em sua forma mais pura.




Clique aqui e confira o set list
O Bangers Open Air 2025 mostrou que o Brasil está pronto para sediar festivais de nível internacional. A cada banda, a cada grito da plateia e a cada momento único, ficou claro que a chama do metal segue viva e mais forte do que nunca. Nos vemos na próxima edição. Até lá, Bangers!
Bangers Open Air Brasil 2026 – Blind Ticket
Texto e fotos por: Chrystian Choinski
Agradecimentos: Diogo Locci | Taga